Esgoto sanitário é tudo igual? Não! Entenda as diferenças.
Um equívoco recorrente entre projetistas de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) é assumir que todo esgoto sanitário possui a mesma caracterização. No entanto, isso não é verdade. O nitrogênio amoniacal, por exemplo, costuma estar muito mais presente em esgotos sanitários industriais do que nos domésticos.
Na prática, há diferenças significativas entre o esgoto doméstico (residencial/municipal) e o esgoto sanitário gerado em ambientes industriais.
O esgoto sanitário industrial tende a ser muito mais concentrado, especialmente no que se refere ao parâmetro nitrogênio amoniacal. Isso ocorre devido à adoção crescente de práticas sustentáveis pelas indústrias — como a certificação ISO 14001 — e à utilização de dispositivos economizadores de água: descargas do tipo dual flush, mictórios secos ou com controle automático, torneiras temporizadas, válvulas redutoras de pressão, entre outros.
Essa redução no consumo hídrico, embora benéfica do ponto de vista ambiental, aumenta a carga poluente por metro cúbico de esgoto, principalmente em virtude da menor diluição e da ausência de contribuições volumétricas relevantes, como banho e lavagem de roupas, comuns no esgoto doméstico.
Projetos de ETEs industriais ignoram o nitrogênio amoniacal
Ao projetar uma ETE para uma indústria, muitos profissionais não consideram essas particularidades — seja por desatenção, seja por desconhecimento técnico. O resultado é um dimensionamento incorreto do sistema, que pode comprometer gravemente a eficiência da ETE.
É comum que os projetistas adotem valores de nitrogênio amoniacal entre 20 e 40 mg/L, referência usual em literatura para esgotos domésticos. No entanto, dados de campo da REVIVA mostram que o nitrogênio amoniacal em esgotos sanitários industriais varia normalmente de 100 a 180 mg/L, ou seja, até 8 vezes mais concentrado.
Subdimensionamento da aeração compromete o tratamento do nitrogênio amoniacal
1- Subdimensionamento dos sistemas de aeração:
Os equipamentos de aeração (compressores, sopradores, aeradores, etc.) são frequentemente dimensionados apenas para atender à demanda de oxigênio da DBO. Para efeito comparativo:
- Para oxidar 1 g de DBO, requer-se entre 1,0 a 1,5 g de O₂;
- Para oxidar 1 g de nitrogênio amoniacal, requer-se entre 4,0 a 4,6 g de O₂.
Com base nisso, ignorar a carga real de nitrogênio amoniacal implica em equipamentos subdimensionados, que não atenderão à demanda real de oxigênio, prejudicando a nitrificação e comprometendo a eficiência da estação.
2- Não atendimento à Resolução CONAMA nº 430/2011
O artigo 16 da Resolução CONAMA 430/2011 estabelece como limite máximo 20 mg/L de nitrogênio amoniacal no efluente tratado.
Em ETEs municipais, esse valor costuma ser atendido com tecnologias aeróbias convencionais, especialmente quando o afluente já apresenta concentrações próximas ao limite.
Já em ETEs industriais, para que o efluente tratado fique abaixo de 20 mg/L, são necessárias remoções superiores a 80-90%, o que exige:
- Equipamentos de aeração com alta potência;
- Tempos de detenção hidráulica (TDH) prolongados;
- Sistemas mais robustos e com maior investimento inicial.
Conclusão
Se sua indústria está planejando implantar uma Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário, é fundamental considerar as particularidades do seu esgoto e os requisitos legais vigentes.
A REVIVA possui ampla experiência no diagnóstico, projeto e retrofit de ETEs industriais.
Conte conosco para garantir conformidade ambiental, eficiência operacional e segurança jurídica.
Caso sua ETE já esteja em operação e apresente dificuldades no atendimento ao parâmetro de nitrogênio amoniacal, fale conosco. Podemos propor soluções de retrofit que tragam seu sistema para dentro dos padrões exigidos, com confiabilidade e economia.
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